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Stones retornam à Irlanda com show memorável

O primeiro show Irlandês dos Stones em uma década

Foto: Irish Photodesk

Em 2017 se falou pela primeira vez em um show dos Rolling Stones no Croke Park, em Dublin, Irlanda, as negociações não vingaram, mas para a segunda leg da “No Filter”, a banda conseguiu encaixar o espetáculo logo como a primeira data de 2018. Data que estava rodeada de mistérios, a banda traria mais raridades? E o mais absurdo dos boatos de 2018: Bill Wyman retornaria para os Stones em 2018? Como dissemos na época em que o rumor se espalhava isto era mais sonho do que realidade, e realmente era, já que o boato, que já estava esquecido, foi morto de vez com as imagens dos ensaios que mostraram Darryl Jones no baixo.

Foto: Steve Humphreys

O Croke Park é um lugar imenso com capacidade para mais de 80 mil pessoas, só um grande ato como os Rolling Stones para tocar em um lugar como aquele sem passar um sufoco, e mesmo assim os fãs demoraram a chegar. No momento em que o ato de abertura estava se apresentando, o The Academic, o público das arquibancadas e no campo ainda estava chegando, e o lugar definitivamente não parecia cheio, demorou até que os 70 mil fãs – de acordo com o Independent – enchessem o Croke Park. A abertura do espetáculo continuou com “Sympathy For The Devil”, que como sempre dá uma ansiedade ainda maior para a plateia, com Charlie Watts – guiando o ritmo com maestria – e Mick Jagger entrando no palco primeiramente, e Keith Richards e Ronnie Wood tomando seus postos só em seguida. Diferente da primeira data da turnê em Hamburgo, na Alemanha, em setembro do ano passado, Keith se situou bem no solo. Durante o clássico de 1968, o público ainda estava chegando ao Croke Park, e por alguns momentos parecia que metade do campo ficaria vazio, mas isso jamais aconteceria com os Rolling Stones, da segunda música do show em diante o local já estaria empacotado de tanta gente. O espetáculo continuou com “Tumbling Dice”, que continuou a tradição desta turnê de mudar algumas canções de lugar para dar uma refrescada no setlist, com certeza a mudança de número mais drástica foi “Paint It Black”, que passou de nona para terceira música do concerto, que foi seguida dos covers de blues do álbum “Blue & Lonesome”, que nesse concerto foram “Just Your Fool” e “Ride ‘Em On Down”.

A única raridade da noite foi “Neighbours”, canção para a qual Mick Jagger entoou as palavras “não tocamos essa há centenas de anos”, 15 anos para ser mais exato. A última vez que a faixa do “Tattoo You” foi tocada ao vivo foi durante um show da Licks Tour em 13 de agosto de 2003 no Feijenoord Stadion, em Rotterdam, na Holanda. No show da Irlanda, o primeiro solo, que no século XXI era sempre de Keith, ficou por conta de Ronnie, assim como era na década de 80.

Após a faixa de 1981, foi a vez do público decidir qual seria a música seguinte da noite, e a vencedora do song vote, que todos achavam que seria “Moonlight Mile” – por conta da alta votação após o encerramento do song vote no aplicativo dos Rolling Stones –, foi na verdade “Wild Horses”. Jagger até brincou sobre tocar “Whiskey In The Jar”, mas era hora da faixa do “Sticky Fingers” brilhar, resultando em um dos mais lindos momentos do show. De volta ao setlist programado, mais uma das icônicas baladas dos Stones, “You Can’t Always Get What You Want”, que começou com Matt Clifford desafinando em algumas notas, e concertando tudo ao final da introdução. Jagger apresentou uma voz mais grave do que o normal ao fazer as notas altas da música, e a nota que ele quase sempre faz ao final do verso “and man, did he look pretty ill” acabou não saindo, o frontman deu à plateia uma bela performance independente desse detalhe. Já o solo de Wood continua saboroso como sempre, e desde o show em Las Vegas, em outubro de 2016, o guitarrista parece ter ganhado uma nova inspiração para o solo que soa cada vez melhor.

A segunda música dos shows da “No Filter” em 2017 era “It’s Only Rock ‘N Roll (But I Like It)”, mas no presente ano, o clássico de 1974 foi para o nono número do setlist, pegando o público de surpresa, a música foi cantada em alto e bom som pelo público de 70 mil pagantes, um dos momentos mais empolgantes do espetáculo. O clássico não poderia ter um acompanhamento melhor do que outro grande balanço dos Stones, “Honky Tonk Women” manteve o clima e a plateia a recebeu em polvorosa. A parte de Keith também teve uma renovada com “Before They Make Me Run”, que aparece pela primeira vez na “No Filter”, em seguida Richards trouxe “The Worst” de volta, canção do “Voodoo Lounge” que não era tocada desde 30 de outubro de 2005, quando os Stones tocaram na KeyArena, em Seattle, pela “A Bigger Bang Tour”. A linda performance, além do já esperado pedal steel de Ronnie, foi com direto a Bernard Fowler e Keith Richards dividindo o mesmo microfone, que dupla! O fim da canção foi divino, Richards ainda sabe como encantar uma plateia com suas baladas.

Em seguida, os Stones resolvem deixar o show mais dançante executando a clássica "Miss You", com as já conhecidas e lindíssimas linhas de baixo e bateria -- que cozinha! O entrosamento entre Charlie e Darryl é sempre perfeito. Não tem erro. Mick, com sua guitarra, faz a base de sempre e canta como se estivesse no glorioso ano de 1981. E para não perder o pique, logo em seguida, a banda mostra toda sua influência no Blues executando a 'bluseira' "Midnight Rambler", deixando os 70 mil fãs hipnotizados. Com mais de 11 minutos de gaita, solos intermináveis de guitarra e Mick mostrando toda sua performance de sempre, ficou provado mais uma vez -- sim, mais uma vez -- que os Stones estão cada vez melhores. Na sequência, a lendária banda faz o Croke Park vir abaixo com a eletrizante "Start Me Up". Keith e seu clássico riff deixa o concerto mais roqueiro e empolgado.

E depois de 4 minutos -- de If you start me up... If you start me up I'll never stop --, para não perder a vibe, a banda executa a energética "Jumping Jack Flash" -- Keith e seu belo riff.... Ele ainda é o mesmo de sempre. Na metade do tema, o show de luzes é fantástico. Mick bastante alegre, Ronnie se divertindo e tocando muito -- como sempre --, Charlie fazendo sua parte e os Rolling Stones provando para os Irlandeses que eles fazem o maior espetáculo da terra -- alguém duvida? Já na reta final do concerto, como já era de se esperar, "Brown Sugar" é o tema da vez. Alguns fãs comentaram que a música estava com uma duração menor, mas desde o último da “No Filter” em 2017, “Brown Sugar” passou de mais de 6m40s para algo em torno de 5m45s. Logo depois do famoso riff, com Keith executando lindamente, a estrutura musical está completa -- com Charlie e sua responsabilidade de executar uma das linhas de bateria mais icônicas do Rock N' Roll.

Os Stones saem de cena por alguns minutos. Enquanto isso, os telões mostram o famoso logo da banda -- os fãs ficam em êxtase. Logo a seguir, eles retornam para o bis com a clássica "Gimme Shelter". O clima no Croke Park é de emoção e animação. Logo depois da metade do tema, chega o momento mais esperado -- Mick, na passarela, dividindo os vocais com a linda e talentosa Shasha Allen. E como de praxe, os Stones fecham o concerto na cidade natal do U2 com "(I Can't Get No) Satisfaction". 70 mil fãs cantando junto o hino do Rock. Depois de 7 minutos e pouco de Rock N' Roll, o céu de Dublin ganhou brilho com fogos de artifício, e assim, terminou o maior espetáculo nos últimos anos na Irlanda.

Este foi o primeiro show dos Rolling Stones pela turnê No Filter em 2018.

Foto: Charles McQuillan/Getty Images

Setlist:

1. Sympathy For The Devil 2. Tumbling Dice 3. Paint It Black 4. Just Your Fool 5. Ride 'Em On Down 6. Neighbours 7. Wild Horses (escolhida pelos fãs) 8. You Can't Always Get What You Want 9. It's Only Rock 'N Roll (But I Like It) 10. Honky Tonk Women 11. Before They Make Me Run (Keith nos vocais) 12. The Worst (Keith nos vocais) 13. Miss You 14. Midnight Rambler 15. Start Me Up 16. Jumping Jack Flash 17. Brown Sugar BIS: 18. Gimme Shelter 19. (I Can't Get No) Satisfaction

Foto: The Rolling Stones

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