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Há 2 anos: O primeiro show dos Rolling Stones em Cuba

Em 1º de março de 2016, foi anunciado oficialmente que os Rolling Stones fariam um show gratuito na cidade de Havana, em Cuba. Na época, os Stones disseram:

“Nós temos tocado em muitos lugares especiais durante a nossa carreira, mas esse show em Havana será um evento marcante para nós, e esperamos que para todos os nossos amigos em Cuba também.”

Um público que jamais havia recebido um concerto com tamanha estrutura de palco, carente de grandes espetáculos, receberia a maior banda do mundo sem nenhum custo. Nenhum custo para a plateia é claro, mas para o advogado Gregory Elias, a apresentação custou $ 7 milhões de dólares. O corporativo tentou entrar em contato com a empresária dos Stones em 13 de novembro de 2015, mas não houve retorno imediato, só 24 horas depois que Elias foi contatado por Jayne Smith para conversarem sobre como seria possível realizar um show da banda em Cuba.

“Eu não esperava que ela ligasse de volta. Mas 24 horas depois, ela ligou.

Quando os garotos – é assim que a Sra. Smith chama eles – quando os garotos saem em turnê, o que eles fazem é completamente fora desse mundo.” – Gregory Elias, 2016

O principal mentor do histórico show desembolsou uma quantia milionária que acabou não entrando no bolso de nenhum dos Stones, todo o dinheiro investido foi para pagar a imensa estrutura de palco da banda.

Ainda em setembro de 2015, o jornal El Mundo havia divulgado que as negociações para um show dos Rolling Stones em Cuba estavam em seu último estágio. Um mês depois, Mick Jagger aparece em Havana, o frontman chegou na cidade em 5 de outubro afim de conhecer o lugar.

“Eu sempre quis ir. Eu tenho uma casa no Caribe e ficava pensando: ‘Eu tenho que ir lá antes de mudar’. Então eu fui no último outubro/novembro com alguns amigos... apenas Havana. Estava muito tranquila, fora de época, realmente adorável, e eu fui a um monte de clubes de música para ter uma sensação do lugar. Não haviam turistas por perto, então foi uma coisa de ‘apenas cubanos’.

Eu conheci algumas pessoas e tive a sensação de como seria tocar lá, se seria interessante e o que as pessoas pensavam. Eu estava decidindo isso, mas também estava me divertindo muito.” – Mick Jagger, 2016

Apesar de não ter sido o primeiro show de Rock no país, este foi o primeiro concerto ao ar livre com tamanha estrutura de palco em Cuba. Nada melhor do que fazer história para terminar uma turnê. Mick Jagger chegou a dizer que muitas pessoas mais velhas residentes de Havana estavam muito emotivas sobre o show, pois a população jamais imaginou que algo assim poderia acontecer, talvez até mesmo quando a data da apresentação se aproximava, ainda fosse difícil para os cubanos crerem no evento estava prestes a acontecer.

Em 25 de março de 2016, o tão esperado dia havia chegado. No horário noturno, em uma boa sexta-feira, o público se via diante do vídeo de abertura, quem tinha sua crença agradecia à sua força maior pelo momento que viveria a partir daquele minuto. A apresentação histórica começou com “Jumpin’ Jack Flash”, e ali se realizava o sonho de muitos fãs cubanos.

Um país que baniu o Rock And Roll meio século antes, agora recebia um show dos Rolling Stones, o que levou Mick Jagger a dizer algumas vezes durante a estadia da banda em Havana que “os tempos estavam mudando”, para melhor, é claro. Em entrevista para o The Sun, em setembro de 2016, Mick comentou sobre o país.

“Foi banido [o Rock 'N Roll], sim, e era difícil conseguir as coisas lá, mas foi o mesmo na Polônia. As pessoas conseguiam música se elas estivessem tão interessadas. Nós fomos para a Polônia em 1966... foi estranho. Era um estado bem mais reprimido do que Cuba.

Recentemente, houve um mês incrível para Cuba. Você tinha o Papa, Obama, Major Lazer e depois os Stones, todos lá. Mas você teria que perguntar para as pessoas cubanas se elas estão sentindo algo ou não. Não é um lugar livre, você ainda não pode dizer o que você gostaria, você ainda não pode se reunir e você não tem muito acesso à internet. Parece para o resto do mundo que é um lugar liberal, mas eu não sei a resposta para isso.” – Mick Jagger, 2016

Naquela noite, a RSB estava fazendo a cobertura do acontecimento, mas diferente dos demais shows da Olé Tour, a informação não veio tão rápido, provavelmente 1 hora depois da apresentação ter começado que apareceu a primeira foto do show, um frame da AFP de Mick Jagger no palco. Circulavam informações sobre falta de sinal no local do show, mas isso certamente não impediu nenhuma das milhares de pessoas de aproveitar a apresentação.

O público da apresentação segue incerto até hoje. No momento em que as informações começaram a aparecer na noite de 25 de março, se falava em mais de 500 mil pessoas, depois se falou em mais de 1 milhão de fãs dos Stones em Havana, mas o texto de Jonathan Watts que está no encarte do DVD “Havana Moon” dá a entender que não houve contagem.

"Aquilo foi único, cara! Mesmo para mim. Deus sabe, foi uma incrível oportunidade para o povo Cubano manifestar o que estavam guardando dentro de si." – Keith Richards, 2016

O show resultou no registro ao vivo mais recente dos Stones, que chegou às telonas meses depois do concerto. Após a exibição em cinemas pela Europa, e dias antes da exibição no Brasil, em 27 de setembro de 2016 foi anunciado que o show dos Stones em Cuba batizado de “Havana Moon” (nome de uma canção de Chuck Berry lançada no álbum “After School Session” em 1957) seria lançado em DVD. O filme do show foi dirigido pelo premiado diretor Paul Dugdale e lançado em formato físico em 11 de novembro daquele mesmo ano.

“Suponho que seja histórico, de uma certa forma. Se será lembrado, você tem que esperar para ver.” – Charlie Watts, 2016

Foto: AP Photo/Enric Marti

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