Ode a Chuck Berry
09 de Abril de 2017
DE: KEITH RICHARDS
Colocar Chuck Berry em palavras! Isso que é uma tarefa.
Se eu virar a moeda e pensar em como diabos Chuck Berry reagiu a mim quando ele ouviu os meus esforços para espalhar seu groove, o meu palpite é uma risada desdenhosa e, em seguida, um brilho enquanto ele imaginava os royalties entrando. Depois, a percepção de que sua música era muito mais importante do que ele jamais imaginaria. (Ele me agradeceu por isso). E, vamos encarar, Chuck tinha imaginação. Basta escutar as músicas. Tudo é revelado em “Monkey Business”, “Wee Wee Hours”, “Jo Jo Gunne”, “You Can’t Catch Me”, “Childhood Sweetheart”… sem mencionar em “Johnny B. Goode”, “Little Queenie” ou “Around & Around”. E continua: “Let it Rock”, “Sweet Little Sixteen”, ou a de partir o coração “Memphis”.
Você tem que ouvir as gravações originais para entender toda imagem. Não vamos cometer erros sobre ele. Sua criatividade, exuberância natural, juntou todas as variações dessa música vital, seja Rockabilly, country, R & B, Jazz ou pop. Suas próprias raízes são largas e profundas, antes mesmo de Louis Jordan até às big bands. Mas nós estamos falando aqui de um homem complicado e pensativo. Escute “No Money Down”, a incrível “Bye Bye Johnny” com seu riff invertido. Como letrista, sua imaginação, os temas e assuntos levaram a composição para um nível ainda a ser alcançado. Quem mais poderia aparecer com "Too Much Monkey Business". Jogue aí também “No Money Down”, “Memphis, Tennessee" e “You Can’t Catch Me”… uma canção que Lennon retrabalhou com “Come Together”. E então tem os caras que trabalharam com ele; Johnny Johnson, no piano, um ícone do boogie e do sentimento; Willie Dixon, o BAIXISTA!; Freddie Below e Ebbie Harding na bateria.
Ele era um homem muito cauteloso e reservado, essencialmente caloroso em seu coração, embora ele passasse muito tempo disfarçando esse fato, o que poderia dar a impressão oposta. Difícil de conhecer, mal-humorado, mas quando você o pegava na hora certa, lindamente amigável. É difícil encontrar palavras para descrever suas contradições: caloroso, irritante, mal-humorado, desarmadoramente charmoso, nervoso. Uma vez ele me deu um olho preto por me atrever a tocar sua guitarra. Muito certo!!! Eu chamei isso de ‘O maior Hit de Chuck’.
No momento eu tive o mesmo sentimento de quando eu tinha 15 anos quando Buddy Holly morreu. Um baque repugnante para as entranhas e uma sensação de perder um membro da família. Para mim, o mundo foi de preto para branco para um glorioso Technicolor quando eu escutei “Little Queenie” pela primeira vez. Não havia dúvida na minha mente: Era óbvio o que eu tinha que fazer e eu não mudei desde então. A facilidade sem esforço com que ele estabeleceu o ritmo faz uma zombaria de incontáveis imitadores mordedores de lábios agonizantes.
Eu continuo trabalhando nisso.
Ele trouxe alegria para nós; O sentimento para um guitarrista de quinze anos de que havia mais para a vida do que parecia possível. Com a exuberância, ele trouxe uma facilidade casual e um ritmo que faz mover pequenas partes do seu corpo que você nem sabia que tinha. Em essência, ele era uma revelação. Eu não tenho mais 15 anos, mas a alegria permanece.
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Foto: Bob Gruen