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Há 21 anos era lançado o álbum “Bridges To Babylon”

O ano de 1996 teria sido recheado de projetos individuais de cada Stone, afinal, Ronnie Wood estava expondo sua arte em São Paulo e Charlie Watts via o lançamento de mais um disco do Charlie Watts Quintet, o “Long Ago & Far Away”, que conta com a participação do sensacional Bernard Fowler. Pouco tempo após Charlie terminar sua turnê norte-americana, Mick Jagger entrou em contato com o Dust Brothers, Jagger conhecia o trabalho de E.Z. Mike e King Gizmo de discos como “Paul’s Boutique” do Beastie Boys, e “Odelay” do cantor e compositor Beck, a vontade de trabalhar com os Brothers resultou em Mick no estúdio da dupla em Silver Lake, Califórnia, o frontman absorveu tanto o trabalho de Mike e King, que de acordo com os produtores, parecia que eles já tinham feito algo em cima das canções. Mesmo assim, Mick se sentia perdido no estúdio em alguns momentos, o que foi o caso dos primeiros trabalhos em “Saint Of Me”.

“Eu não sabia o que eu estava fazendo algumas vezes quando eu estava sentado no estúdio dos Dust Brothers em Silver Lake. E sou apenas eu, e eu não tenho absolutamente nada para começar e continuo, penso se é realmente uma boa ideia o que estou fazendo. E eles tinham essa pequena caixa de ritmo ligada, que é chamada de '808' que todo mundo usa. E está apenas tilintando ao fundo, como... desse jeito pequenino, e eu estou bem acostumado com isso, mas... Então eu estou sentado lá, tocando o meu teclado e tocando ‘Saint Of Me’ e eu estou pensando: ‘Soa uma merda! Isso é terrível. Como isso vai funcionar? E como eu vou...’ E é muito devagar, você sabe. Eu estava me divertindo com isso, mas é bem ‘low tech’ naquele estúdio e eu simplesmente não sabia como eu isso iria ser construído. Mas então, enquanto o tempo passava, você sabe, eu peguei as fitas, as transferi e então fui para o estúdio e Charlie meio que tocou nelas. E então eu as levava de volta e... veio de pedaço em pedaço. Ainda tinha que tomar forma, mas foi muito divertido fazer isso. Quero dizer, foi bom fazer isso de outra forma, mesmo, e eu tive muita diversão com essa [música].” – Mick Jagger, 1997

Por volta de outubro de 1996, provavelmente a mesma época em que Jagger trabalhou com os Brothers, Ronnie e Keith trocavam ideias sobre o futuro disco dos Rolling Stones, os dois chegaram a discutir se o disco realmente aconteceria, pois como o próprio Mick já disse, as demos que ele estava fazendo seriam para um novo trabalho solo, outro álbum dos Stones não era a prioridade no momento, mas parte daquelas canções foi levada para o estúdio em novembro daquele ano, quando Mick finalmente se junta com Keith para trabalhar em suas demos no Dangerous Music Studios, em Nova York. As composições com um gosto Pop de Mick Jagger não eram as únicas novidades, já que Keith Richards sugeriu algo que provalmente nem o frontman esperava.

“Concordamos que ele produziria algumas faixas do jeito dele, e eu produziria algumas do meu jeito. Mas Mick levou a ideia mais a sério do que eu esperava, eu nunca imaginaria que ele tomaria passe livre para ter um produtor novo a cada nova faixa. Não era bem isso o que eu havia pensado. Então enquanto ele tinha produtores entrando e saindo o tempo todo, eu apenas trabalhei com Don Was. Foi um experimento interessante, e gostei do resultado - você pode sentir no álbum a diversidade e certa divisão, apesar de isso ter criado uma certa instabilidade entre nós.” – Keith Richards

Em 13 de março de 1997, eram finalmente iniciadas as gravações para o que seria o álbum “Bridges To Babylon”, o Ocean Way Recording Studios foi o local onde o grupo trabalhou em todas as canções, o estúdio em Los Angeles foi o local onde a experimentação estava liberada para os Stones, não apenas isso, para Mick estava aberta a “temporada de caça aos produtores”. Além de Don Was, também trabalharam nesse disco os Dust Brothers, Pierre de Beauport, Rob Fraboni e Danny Saber.

A experimentação no disco foi tamanha, que no período em que a banda trabalhava no álbum, Charlie Watts gravou um disco de Música Eletrônica/Jazz Moderno com Jim Keltner. O trabalho foi chamado simplesmente de “Charlie Watts/Jim Keltner Project” e foi lançado apenas em 2000.

“Eu estava vagando entre os estúdios 1, 2 e 3, eu acabei ajeitando o meu próprio lugar no estúdio 4 com Charlie e Jim Keltner e nós fizemos um álbum alternativo ao mesmo tempo em que o álbum [dos Stones] foi feito. Nós tivemos algumas coisas boas saindo disso também. Eu enfiei meu nariz em uma cabine e vi Mick trabalhando em algo com Danny Saber, e então eu faria algo com Don Was ou iria ver o que os Dust Brothers estavam fazendo. Foi realmente uma boa diversão.” – Ronnie Wood

Parecia que tudo estava acontecendo nas sessões para aquele disco, toda a movimentação e criação naqueles meses inclui Charlie cantando em uma faixa! O baterista solta a voz nos backing vocals de “Always Suffering”. Além disso, os Stones trabalhariam pela primeira vez com samplers nesse álbum, os Dust Brothers produziram faixas como “Saint Of Me”, “Might As Well Get Juiced” e “Anybody Seen My Baby”, nesta última foi usado um sampler de “A One Two” do rapper Biz Markie, de 1986. Outra informação interessante é o fato do baixista não ser Darryl Jones, e sim, Jamie Muhoberac que também foi responsável pelos teclados, já o violão ficou por conta de Waddy Wachtel. Os backing vocals são de Mick Jagger, Keith Richards, Bernard Fowler e Blondie Chaplin, que também tocou percussão.

Tudo estava indo bem com a canção até um acontecimento na casa de Keith ter mudado tudo. Richards estava ouvindo a música, mas quando chegou ao refrão, sua filha Angela e uma amiga começaram a cantá-lo com uma letra completamente diferente, era “Constant Craving” da cantora canadense K.D. Lang, uma música lançada em 1992. Para evitar problemas na justiça, Jagger e Richards deram crédito também à cantora e a Ben Mink, o parceiro de Lang nesta composição, tornando “Anybody Seen My Baby?” em uma canção creditada a Jagger/Richards/k.d. lang/Ben Mink. A cantora disse ter ficado honrada com os créditos.

“A minha filha Angela e sua amiga estavam em Redlands e eu estava tocando o disco, e elas começaram a cantar uma canção totalmente diferente em cima dela. Elas estavam ouvindo ‘Constant Craving’ de K.D. Lang.” – Keith Richards

Foram quatro meses de um trabalho árduo que contou com a participação de nomes como Blondie Chaplin, Billy Preston (em “Saint Of Me”), Bernard Fowler, Joe Sublett, Darrell Leonard, Kenny Aronoff, Benmont Tench, entre outros. As sessões foram encerradas em julho de 1997, apenas dois meses antes do disco ser lançado. No mês de agosto, mais precisamente entre os dias 19 e 21, foi gravado em Nova York o vídeo para a canção com a participação da atriz Angelina Jolie. No dia seguinte a banda viajaria para o Canadá, onde começariam os ensaios para a turnê mundial no The Masonic Temple. Já em 11 e 12 de novembro de 1997, foi a vez da gravação do vídeo para o single de “Saint Of Me”.

O álbum “Bridges To Babylon” foi lançado em 27 de setembro de 1997 (algumas fontes como o site oficial dos Stones afirmam 29 de setembro), chegando ao 1º lugar na Áustria, 6º nos Reino Unido e 3º nos EUA.

 

 

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