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Stones retornam a Foxboro com grande show

Fechando um ciclo!

Foto: Matthew J. Lee/Globe Staff

O Gillette Stadium foi uma vez dito como o cenário do último show dos Rolling Stones nos Estados Unidos, tal conclusão foi feita pelo businessman Robert Kraft, três anos atrás. Em uma noite de terça-feira, em 25 de outubro de 2016, os Stones tocavam para Kraft e seus convidados, e foi esta apresentação que fez o magnata dizer aos seus mais chegados que ele era o responsável pela derradeira perfromance da banda na América do Norte.

Os anos passaram e a “No Filter” chegou para fechar este ciclo, já que em 7 de julho de 2019, os Stones não só estavam em turnê nos Estados Unidos, como também no próprio Gillette Stadium, em Foxborough, onde a banda não fazia um show aberto ao público desde 20 de setembro de 2006. A apresentação pela turnê do álbum “A Bigger Bang” teve a interessante presença de Kanye West como ato de abertura, agora, quase 13 anos depois, o espetacular Gary Clark Jr executa mais uma vez o trabalho de abrir um show dos Stones, quatro anos depois do grande show no Petco Park, em 20 de maio de 2015, pela “Zip Code”.

Foto: Matthew J. Lee/Globe Staff

 

 

A nova história da Maior Banda do Mundo com o estádio de Foxborough/Boston começou a ser escrita com uma feroz performance de “Street Fighting Man”. Mick Jagger não parecia estar tão enérgico quanto no espetáculo de Landover, mas ainda assim mostrava porque é considerado o maior frontman da história do Rock. A bateria de Charlie Watts estava impecável em “It’s Only Rock ‘N Roll (But I Like It)”, clássico onde Jagger tentou novas notas e Keith Richards teve problemas com sua Gibson, o guitarrista se recuperou próximo ao fim da música, que teve um balanço único. A banda passou longe dos erros em “Tumbling Dice”, pouco antes de fazer a primeira pequena mudança no setlist.

O song vote geralmente é o quinto número da noite, mas o momento chegou um pouco adiantado no Gillette Stadium e já no quarto número descobrimos que a vencedora da votação foi “She’s So Cold”, que foi bem executada, mas ao mesmo tempo, a faixa de 1980 teve noites melhores durante a “No Filter”. A pequena mudança na sequência do set foi por uma boa razão, a banda tinha um convidado especial, Gary Clark Jr. O músico voltou ao palco para executar o cover de “Ride ‘em On Down” com os Stones. A voz de Gary empolgou o público, uma pena a pessoa responsável pela mesa de som ter tirado o volume de seu microfone após sua parte.

Foto: Matthew J. Lee/Globe Staff

 

“Nós gostaríamos de agradecer a Gary Clark Jr por um ótimo set de abertura. Nós também gostaríamos que ele tocasse com a gente agora!” – Mick Jagger

Em seguida, outra pequena alteração, dessa vez envolvendo “You Can’t Always Get What You Want”. Nessa leg, antes da banda ir ao palco B, o clássico que fecha o álbum “Let It Bleed” faz os estádios tremerem, não desta vez! Após a participação de Gary Clark Jr, os Stones se dirigiram ao palco mais intimista desta excursão. A primeira do palco B foi “Play With Fire”, que enfim é frequente em uma leg da “No Filter”, ao invés de ser tocada em apenas um show, como aconteceu durante a turnê europeia. Mais uma vez foi Charlie Watts quem deu as cartas do jogo em uma boa versão da música de 1965, mas a estrela do set acústico em Foxborough foi “Dead Flowers”. A faixa do “Sticky Fingers” aqueceu a noite e aproximou a banda ao gigante público pagante.

 

E falando em aquecer, após o set acústico a banda volta ao palco principal para “Sympathy For The Devil”. Em um raro momento trocando a letra do clássico que nos deu os Rolling Stones como conhecemos hoje, Jagger se recuperou quase que imperceptivelmente e seguiu com a música, apresentando a competência que já conhecemos. Algo similar, mas não tão imperceptível assim, aconteceu com Keith Richards enquanto solava em sua Gibson Les Paul Jr, com a qual ele logo fez as pazes, para mais tarde dar ao público o dueto com a Firebird V de Ronnie Wood.

Tranquilizando os fãs de “You Can’t Always Get What You Want”, o clássico aparece após “Sympathy For The Devil” com uma trompa um pouco semitonante, não foi a toa que Mick Jagger se virou para Matt Clifford. Mas nada deteve a execução da música, que estava em uma de suas melhores formas em toda a “No Filter”. Wood incendiou mais um estádio com o som de sua Gisbon, que ecoou pelo Gillette Stadium.

Após “Honky Tonk Women”, Mick Jagger disse as palavras que rodaram parte do mundo ao tirar sarro de uma fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O vocalista já havia feito algo semelhante no show do dia 3 de julho, quando mencionou as escolhas do presidente para as comemorações do 4 de julho. Dessa vez, Jagger disse: “Na verdade, o presidente fez um bom ponto em seu discurso uma noite dessas. Ele disse: ‘Se ao menos os britânicos ficassem nos aeroportos, a coisa toda poderia ter sido diferente para nós’”. O vocalista estava se referindo ao momento em que Trump afirmou que o Exército estadunidense tomou o controle de aeroportos durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos, que ocorreu entre 1775 e 1783, a humanidade só conheceria o voo motorizado no começo do século XX. O presidente culpou o teleprompter. Mas como gafes podem acontecem com qualquer pessoa, ao anunciar o baixista, Mick chamou Chuck Leavell ao invés de chamar Darryl Jones.

“Me desculpe, Chuck. O Chuck, é claro, toca o acordeom!” – Mick Jagger

De volta ao show, Keith Richards assumiu os vocais em “Slipping Away” e trabalhou bem até onde sua voz o permitiu. Ao cantar, Richards estava pra lá de concentrado e administrando bem sua performance, o que também inclui seu trabalhando na guitarra durante a faixa do “Steel Wheels”. Keith foi com muita sede ao pote nos primeiros versos de “Before They Make Me Run”, tanto que esqueceu a letra, voltando apenas na estrofe seguinte. Mesmo assim, a afinação estava do lado do guitarrista naquela noite e o casamento entre as vozes de Richards e Sasha Allen continua sendo impecável.

O clássico dominado por Stratocasters, “Miss You”, continua sendo surpreendente, um dos momentos de maior competência musical em todo o show, certamente um clássico que será entoado em estádios e ginásios ao redor do mundo provavelmente até o último show dos Stones. Jagger estava em chamas, dominando a passarela e, para variar, empolgando a plateia como ninguém. O mesmo pode ser dito de “Midnight Rambler”, que após “Paint It Black” toma conta do estádio e leva o público em uma jornada de 11 minutos com a banda. Richards, que tem se mantido mais ao lado de Charlie durante os shows, estava mostrando todo o seu apreço por tocar o clássico de 1969, curtindo cada segundo.

“Este é o nosso 29º show em Boston!” – Mick Jagger

Quando Jagger volta ao palco principal, Keith começa a tocar o riff de “Midnight Rambler”, fazendo Watts olhar para os lados sem entender o que estava acontecendo no melhor estilo Vincent Vega. Vendo a performance mais de perto, fãs afirmaram que Richards não se equivocou e que tocou o riff da música de propósito. Ah, o humor dos guitarristas...

Com os Stones, o fim da festa é a parte mais intensa. Começando quase sempre com “Start Me Up”, esse é o momento de aproveitar ainda mais o concerto, já que o grandioso espetáculo está próximo do fim. No Gillette Stadium, Mick foi mais bem sucedido em reproduzir o que foi registrado na gravação original da música durante o verso “I'll take you places that you've never, never seen”. Mais uma vez “Jumping Jack Flash” não ficou devendo em nada, e como poderia? Afinal, é a música que a banda mais tocou ao vivo em sua história, experiência não falta. O clássico também proporcionou um dos raros momentos de Keith na passarela do palco durante a atual leg. Antes do bis, a banda deixa o palco após uma visceral versão de “Brown Sugar”.

“Muito obrigado, Boston! Vocês foram incríveis pra caralho.” – Mick Jagger

Com uma introdução mais suave do que de costume, “Gimme Shelter” leva a banda de volta ao público. Apesar da leveza na intro, Richards mostrou que ainda tinha força para o solo, enquanto Sasha Allen mostrava que ainda tinha força para as notas mais poderosas da noite em uma performance de encher os olhos.

O último show dos Stones como uma banda de 56 anos de existência foi encerrado, é claro, com “(I Can’t Get No) Satisfaction”. A inspiração de Keith durante aquela noite se estendeu até o fim do show, com um de seus melhores solos para o clássico maior dos Rolling Stones. Foram quase 8 minutos de pura energia. Justamente a música que fala sobre não conseguir satisfação dá ao público o, talvez, maior prazer do show.

O show agora continua em Nova Orleans, onde os Stones fazem seu primeiro show com 57 anos completos.

Foto: Matthew J. Lee/Globe Staff

 

Setlist:

1. Street Fighting Man

2. It's Only Rock 'N Roll (But I Like It)

3. Tumbling Dice

4. She's So Cold (vote song)

5. Ride 'Em On Down (com Gary Clark Jr/Eddie Taylor cover)

6. Play With Fire (palco B)

7. Dead Flowers (palco B)

8. Sympathy For The Devil

9. You Can't Always Get What You Want

10. Honky Tonk Women

11. Slipping Away (Keith)

12. Before They Make Me Run (Keith)

13. Miss You

14. Paint It Black

15. Midnight Rambler

16. Start Me Up

17. Jumping Jack Flash

18. Brown Sugar

BIS 19. Gimme Shelter

20. (I Can't Get No) Satisfaction

Foto: The Rolling Stones

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