top of page

Stones estavam afiadíssimos em último show no London Stadium

Em 25 de maio de 2018, os Rolling Stones seguiram tirando o atraso de shows no Reino Unido com o segundo e último concerto no London Stadium pela “No Filter”. Antes dessa apresentação, os Stones pediram para que os fãs não levassem bolsas para os shows, já que isso poderia fazê-los demorar na revista antes de entrar no estádio. O que fez a assessoria da banda redigir essa nota foi o fato de pessoas ainda estarem chegando ao show quando o mesmo já estava acontecendo nas duas datas anteriores da turnê. O caso mais gritante foi o primeiro show de 2018, em Dublin, quando metade do campo ainda estava parcialmente vazio durante “Sympathy For The Devil”, a primeira música daquele concerto, só a partir de “Tumbling Dice” em diante que o estádio realmente parecia cheio. Mas isso não aconteceria no segundo show de Londres depois de um jejum de quase 5 anos. Os fãs ainda estavam chegando durante o show de abertura com Florence + The Machine, mas no momento em que os Stones subiram no palco, quem comprou ingresso e compareceu, já estava no estádio.

 

O último concerto no London Stadium mesclou a formulação que se tornou “tradicional” do set dos Stones nos últimos anos com a mais recente, como foi dito na cobertura do show pela RSBR. O espetáculo começou com todo o poder de “Jumpin' Jack Flash” e seguiu com “Let’s Spend The Night Together”, fazendo sua primeira aparição em um set de 2018, e com “It’s Only Rock ‘N Roll (But I Like It)” e “Tumbling Dice” voltando a ser uma dupla inseparável no set. Após as boas execuções de clássicos absolutos da banda, Mick Jagger anunciou que iriam fazer um número que costumavam tocar no Ealing Club, antes de executarem o belo cover de “Just Your Fool”, que não deixou o show cair. Este foi o único concerto de 2018 até agora a não conter grandes raridades, mas a vencedora do song vote foi “Dead Flowers”, que não era tocada desde a “Olé Tour”, durante a execução da faixa do “Sticky Fingers”, Keith Richards mostrou no vocal de apoio que seu alcance estava ótimo para aquela noite, outra coisa que estava afiadíssima era o solo de Ronnie Wood. Mas Keith, Bernard Fowler e Sasha Allen não eram os únicos que alcançariam notas altas naquele palco, o show também teve direito a um dueto entre Mick Jagger e Florence Welch na belíssima “Wild Horses”, com Welch cantando uma oitava acima de Jagger. Mesmo com semitonações e um agudo equivocado próximo ao fim da canção, Florence deu uma linda interpretação para a balada stoneana. Muitos esperavam que ela repetisse a performance de 2012, durante a 50 & Counting, quando cantou “Gimme Shelter” com a banda na O2 Arena, mas como o clássico de 1969 agora faz parte do bis, não faria muito sentido levar uma participação especial para um momento do show como aquele.

Seguindo o dueto, Mick perguntou se a plateia estava com uma boa voz para cantar, quem é fã dos Stones já sabe o que lhe aguarda, “You Can’t Always Get What You Want”. Ronnie estruturou melhor o solo no segundo show no London Stadium e deu tudo de si em questão de velocidade ao final do mesmo. Após o clima de coral tomar conta do estádio, havia chegado a hora de Keith e Charlie Watts anunciarem a próxima porrada da noite. “Paint It Black” não retornou à vagareza do primeiro show da “No Filter”, parece que as baterias dos Stones ficam recarregadas quando estão na estrada, não o contrário, já que entregaram uma performance mais brilhante do que muitas da mesma canção feitas durante a primeira leg da excursão. O setlist poderia lembrar a seleção de músicas que se tornou comum no show dos Stones, mas não tinha como negar que eles estavam em uma de suas melhores noites nos anos recentes. Talvez isso seja reflexo de estarem tocando em Londres, a pressão pode ser maior, Keith chegou a comentar sobre isso em uma das diversas entrevistas para promover a turnê. O guitarrista afirmou que estava um pouco nervoso em voltar para casa, já que a plateia londrina poderia ser a mais crítica durante a “No Filter” em 2018. E se Charlie e Keith “anunciam” “Paint It Black”, só cabe a Chuck Leavell iniciar a música seguinte. “Honky Tonk Women” foi outra do set tradicional que foi bem executada. Antes de anunciar quem estava tocando e cantando no palco, Mick fez seu “quase ato de standup”, afirmando que os Stones foram até o estádio pela linha de metrô Jubilee line.

“Nós todos viemos para cá pela Jubilee line, para este adorável estádio. É um pouco longo para alguns de nós, eu sei. Havia muitas pessoas famosas naquele vagão. Liam estava sentado no colo de Noel, David Gilmour e Roger Waters estavam de mãos dadas, e Donald Trump e Kim Jong-un estavam tirando selfies durante todo o caminho”.

 

Keith Richards assumiu os vocais para cantar em Londres a belíssima “The Worst”, que havia ficado de fora da apresentação do dia 22, e diferente do concerto em Dublin, Bernard Fowler não dividiu o microfone com Keith, talvez pela voz do guitarrista não ter ficado clara em alguns momento na primeira vez que cantaram a canção do “Voodoo Lounge” em 2018. Já em Londres, o dueto entre Keef e Bernard foi claro e mais bem sucedido que o primeiro. Após a balada, Keith tocou “Happy” pela primeira vez em 2018, ele estava espetacular! Afinadíssimo durante quase toda a música. Uma pena o guitarrista ter esquecido os primeiros versos da letra como aconteceu em uma ocasião na leg de 2017, mas dessa vez ele até brincou e riu do ocorrido, até dizendo “de novo” quando citava o título da música novamente. Até quando erra, Richards é genial. Fora isso, o pirata do Rock ‘N Roll estava com um vozeirão.

Em seguida, Mick Jagger retorna ao palco com seu pomposo terno para “Sympathy For The Devil”, mantendo o ato como seria caso o clássico de 68 fosse a música de abertura do espetáculo. O frontman fez uma performance vocal “redondinha” como é de costume em “Sympathy For The Devil”, Ronnie apareceu no solo em alguns momentos, mas bem menos do que de costume. Mas Keith seguiu fazendo um bom trabalho, pois o primeiro solo da música, que foi motivo de tanta reclamação dos fãs nos primeiros shows de 2017, saiu de forma coesa no último show do London Stadium, quando percebe que vai errar, ele para ou tenta começar um novo solo. “Miss You” foi outro grande momento da noite, como deve ser, algum standards da carreira dos Stones não saem equivocados em nenhuma noite e “Miss You” é um deles. Os fãs que assistiram aos últimos dois shows da “No Filter” são afortunados, a banda somou “Sympathy For The Devil” às músicas que seguem o set de Keith e deu ao fãs uma trinca como a de 2016 – que era “Midnight Rambler”, “Miss You” e “Gimme Shelter” –, três longas performances na mesma dose. “Midnight Rambler” seguiu sendo a explosão de sempre, o blues lento de Keith saiu de forma muito mais clara nesta apresentação e Ronnie seguiu estourando os amplificadores com seu solo, e Jagger arriscou algumas notas baixas ao fim da música, diferente do que costuma fazer.

O fim do set antes do bis pareceu chegar rápido com apenas mais duas músicas sendo executadas após “Midnight Rambler”. “Start Me Up” manteve a empolgação do público, a banda se saiu bem durante toda música, mas a voz de Jagger começou a soar mais grave por alguma razão, e talvez por conta disso o vocalista decidiu não se alongar muito nas notas altas. Em “Brown Sugar”, a voz de Mick seguiu mais grave e o vocalista continuou economizando para salvar o gogó para o bis, deixando Bernard e Sasha Allen fazendo o vocal da parte clássica em que interage com a plateia, após isso, voltou ao palco A para beber água e em seguida atiçou a plateia, jogando sua camisa da “No Filter” para o público antes de deixar o palco. Os Stones retornam com o espetáculo de luzes e imagens que é “Gimme Shelter” durante esta turnê. Keith seguiu determinado a dar uma boa performance, apesar de alguns poucos erros, continuou mostrando que estava em forma. Mick ainda economizava a voz, mas estava soando muito melhor após o retorno ao palco, talvez a garganta do mestre dos frontmen só precise de uma boa noite de descanso. Sasha Allen também deu uma economizada em alguns momentos, mas não deixou nada de fora do que é necessário em uma performance vocal feminina durante “Gimme Shelter”. Já em “(I Can’t Get No) Satisfaction”, Keith deu uma aquecida na guitarra e mandou o mais imortal de todos os riffs, Jagger continuou com uma performance vocal superior a de alguns números atrás, mas seguiu deixando as notas mais altas para os vocais de apoio, afinal, a banda ainda tem um bom número de shows pela frente, decisão sabia do vocalista. Como sempre, a última da noite foi uma explosão de felicidade sem tamanho por parte do público, pois quem canta “Satisfaction” com os Stones, faz parte da história de 56 anos da maior banda do mundo.

Os Stones só retornam a Londres em 19 de junho, o próximo show acontece dia 29 de maio, no St Mary's Stadium, em Southampton, também na Inglaterra.

Foto: Antonio Olmos for the Observer

Setlist:

1. Jumping Jack Flash 2. Let's Spend The Night Together 3. It's Only Rock 'N Roll (But I Like It) 4. Tumbling Dice 5. Just Your Fool 6. Dead Flowers (vote song) 7. Wild Horses (com Florence Welch) 8. You Can't Always Get What You Want 9. Paint It Black 10. Honky Tonk Women 11. The Worst (Keith) 12. Happy (Keith) 13. Sympathy For The Devil 14. Miss You 15. Midnight Rambler 16. Start Me Up 17. Brown Sugar BIS 18. Gimme Shelter 19. (I Can't Get No) Satisfaction

Foto: The Rolling Stones

Recent Posts
Search By Tags
Nenhum tag.
bottom of page