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Stones fazem em Berlim um dos mais sensacionais shows de 2018

Menos de um ano depois do início da “No Filter”, os Rolling Stones retornaram à Alemanha, onde tudo começou em setembro de 2017 com um show no Stadtpark, em Hamburgo. Mas dessa vez, a banda tirava o atraso de outra venue na qual tocaram durante a turnê “A Bigger Bang”, o Olympiastadion, onde o último show dos Stones havia acontecido em 21 de julho de 2006. A noite de música em Berlim começou com a banda britânica The Kooks, certamente não é o ato de abertura mais original e empolgante que os Stones já tiveram, mas o público alemão pareceu ter aprovado o grupo indie. Enquanto o show de abertura acontecia, a banda provocava os fãs com vídeos da passagem de som, um em particular, publicado na página oficial dos Stones, mostrava um pouco de “Like A Rolling Stone”, o belo cover de Bob Dylan abriu caminho para outros setlists desde que foi tocado pela primeira vez em 2018 como parte do song vote do show em Coventry.

Fazia quatro anos desde a última vez em que os Stones tocaram em Berlim, o concerto em questão aconteceu no anfiteatro Waldbühne, em 10 de junho de 2014, pela “14 On Fire”.

 

A apresentação única em Berlim começou com a sempre espetacular “Street Fighting Man”, a banda continua mantendo a mesma qualidade na execução da faixa do “Beggars Banquet” que foi apreciada pelos fãs em 2017, embora Keith Richards estivesse mais energizado durante a noite de sexta-feira, então, ponto para Berlim. Talvez tenha sido pelo motivo das performances bem sucedidas na primeira leg da tour que a banda tenha decidido abrir com o clássico de 1968 os shows realizados quase 50 anos depois de seu lançamento. Mick Jagger teve alguns problemas com o tempo da música em “It’s Only Rock ‘N Roll (But I Like It)”, mas com a velha habilidade de fazer uma nova interpretação de qualquer canção nascer no palco, logo se recuperou. Keith arriscou diferentes licks, nem todos bem sucedidos, mas manteve seu solo onde honra a influência de Chuck Berry em seu estilo de tocar.

Foto: epa

Alcançando as notas altas junto de Bernard Fowler e Sasha Allen, Mick deu uma boa “Tumbling Dice” aos presentes no Olympiastadion. Após achar que a música tinha se encerrado, Charlie Watts voltou a fazer viradas para o final do clássico do “Exile On Main St”, quase um solo! Certamente uma das melhores da primeira noite germânica de 2018.

Jagger agradeceu aos Kooks pelo set antes dos Stones entrarem, pode parecer implicância do redator, mas definitivamente não foi um dos agradecimentos mais entusiasmados da atual turnê. Depois de Mick pegar sua gaita das mãos de seu “own soul brother” Keith Richards, a banda entrou em “Just Your Fool”, o primeiro cover e o primeiro blues da noite, nem é preciso falar sobre o resultado da banda exercendo o ofício no qual eles mais têm experiência. Em seguida, outro cover. E que cover! A versão de “Like A Rolling Stone” em Berlim pode não ter sido a mais cheia de energia de toda a turnê, mas certamente foi uma das mais bem executadas até agora, linda interpretação do clássico de Bob Dylan pelos Stones.

Outro lindo momento do show foi “She’s A Rainbow”, que tem se tornado a “Street Fighting Man” da “No Filter”. Antes da viagem psicodélica de 1967 se tornar unanimidade nas votações, era “Street Fighting Man” que levava todas em 2015 e 2016. Na sequência, Mick faz a clássica pergunta: “Vocês querem cantar um pouco?”. É o sinal de que “You Can’t Always Get What You Want” se aproxima. Mais uma canção em que Charlie se mostrou cirúrgico na precisão de suas viradas, já Mick, sem precisar impostar muito a voz, deu outra performance digna de um registro profissional, o Olympiastadion escutou a um Jagger afinado, principalmente em “You Can’t Always Get What You Want”. Ronnie não ficou por baixo, deu mais um fantástico solo ao público sedento por Rock And Roll, a plateia alemã realmente é entusiasmada sobre a última faixa do “Let It Bleed”. As performances estavam ótimas, mas fãs e jornalistas presentes reclamaram sobre o som não estar bom durante a primeira metade do show, algo que parece ser corriqueiro no Estádio Olímpico de Berlim.

Deixando de estar na primeira parte do show, “Paint It Black” voltou com tudo ao número 8 do setlist, fazia algum tempo desde a última vez em que as últimas notas da introdução soaram tão semelhantes ao original como em Berlim. Mick estava mais elétrico do que de costume na música, o vocalista não voltou a ter problemas com as notas baixas e deu uma interpretação à letra digna de musical. Sinceramente, alguém aí sabe se o show de Berlim estava sendo gravado para lançamento posterior? Pode ser que sim, mas também pode ser que a banda esteja apenas seguindo seu curso natural, de ser como vinho. Os shows de 2018 da “No Filter” estão impecáveis. Após uma boa “Honky Tonk Women”, Mick anunciou todos os que estavam cantando e tocando naquela noite e passou a bola para Keith Richards. Mais de 75 mil o ovacionaram antes de Richards anunciar que seguiria o show com “Slipping Away”, parece que o set de Keef retornará ao que era durante a primeira leg da turnê. Para a faixa do “Steel Wheels”, o guitarrista deixou uma de suas Les Paul Jr de lado e seguiu usando a belíssima 1959 Gibson ES-355 Mono para a música de 1989, assim como fez no primeiro show do London Stadium. Apesar de ter atrasado um pouco o tempo na intro, obrigando Watts a recomeçar a marcação do tempo no hi-hat, o guitarrista entregou um bom desempenho na música que teve algumas performances regulares em 2017, mas neste ano, Richards voltou à estrada com um vozeirão. Talvez a performance teria ficado melhor se a música tivesse entrado alguns shows atrás, mesmo assim, Keith cantou a balada com vigor na cidade alemã. Em seguida foi hora de Richards quebrar a melancolia e mostrar que ainda é um cantor de notas altas em “Before They Make Me Run”, a voz de Keith casa maravilhosamente com os backing vocals nesse Rock And Roll, especialmente com a de Sasha Allen.

Os Stones entregaram uma bela “Sympathy For The Devil” aos alemães, tão bela que foi o destaque em uma matéria do jornal regional Hannoversche Allgemeine Zeitung chamada de “Rolling Stones em Berlim: entre sucessos e feitiçaria”. Nunca foi tão fenomenal assistir à abertura dos portões do inferno nos dias atuais! A trinca que é o ponto alto da noite começou de forma enérgica, com os solos de Ronnie e Keith entrando em perfeita sincronia – prestem atenção ao solo feito em 6m10s no vídeo abaixo, é o Keef virtuoso renascendo em palco.

“Miss You” sempre dá um ar fresco ao show, mas em Berlim, desde o improviso de Chuck Leavell até à execução da própria música, na Alemanha o clássico Disco dos Stones deu ao concerto uma atmosfera mais “relaxada” (na falta de palavra melhor), não foi a “Miss You” mais impressionante do presente ano, mas manteve a alta qualidade que a canção tem em todos os shows, só que o padrão foi elevado a um nível muito alto por performances anteriores. Depois de a plateia dançar e cantar, era chegada a hora de conversar sério, o ponto alto da noite começa com o poderoso riff de Keith Richards, é “Midnight Rambler”. A banda deu uma performance mais “fresh” para a porrada blues dos Stones, o que não derrubou o concerto e muito menos o impacto que “Midnight Rambler” tem em todas as noites da excursão. Após seu momento de interação com a plateia, Mick até cantou um verso de “Motherless Children”, uma canção de autor desconhecido gravada primeiramente por Blind Willie Johnson em 1927. O segundo solo de Ronnie foi espetacularmente maligno, uma explosão de som enquanto o garoto de 74 anos Mick Jagger enlouquecia o público.

“É ótimo estar de volta à Berlim, muito obrigado por voltarem para nos ver. Estão prontos para um pouco mais?“ Assim Mick Jagger anunciou a reta final do show, a largada foi dada com uma “Start Me Up” superior à que foi apresentada no último concerto da turnê em Londres, e assim como em “You Can’t Always Get What You Want”, Jagger não precisou de nenhum histrionismo para alcançar o que desejava em sua performance vocal. No show de Berlim, menos foi mais. E enquanto Keith dava início a “Brown Sugar”, Jagger bebia água, mas não perdeu a oportunidade de transformar aquele momento em uma performance, foi a refrescada mais sexy que a Alemanha já viu. Mas o melhor ainda estava por vir, não que o desempenho dos Stones tenha ficado por baixo, mas Karl Denson quebrou tudo com uma interpretação do solo de Bobby Keys totalmente diferente do que vinha fazendo. O saxofonista mostrou todo seu virtuosismo em um frenético solo, fugindo até mesmo de sua interpretação mais comum do solo. Uma maravilha.

Em uma das melhores “Gimme Shelter” de 2018, Sasha Allen entregou uma performance poderosa, mas não apostou na filosofia de “menos é mais” (e como poderia?) e acabou semitonando durante seu momento de brilhar. “(I Can’t Get No) Satisfaction” também foi de tirar o chapéu, Keith não estava perdoando sua guitarra e solou com empolgação na última da noite, sendo ovacionado pelo público após o solo. Um final literalmente explosivo! Os ensurdecedores fogos de artifício anunciaram o fim de uma noite que entra para a história do Estádio Olímpico de Berlim.

A "No Filter" continua na França, em Marselha, onde os Stones tocam no Orange Vélodrome em 26 de junho.

Foto: epa

Setlist: 1. Street Fighting Man 2. It's Only Rock 'N Roll (But I Like It) 3. Tumbling Dice 4. Just Your Fool (Buddy Johnson and His Orchestra cover) 5. Like A Rolling Stone (Bob Dylan cover) 6. She's A Rainbow (vote song) 7. You Can't Always Get What You Want 8. Paint It Black 9. Honky Tonk Women 10. Slipping Away (Keith) 11. Before They Make Me Run (Keith) 12. Sympathy For The Devil 13. Miss You 14. Midnight Rambler 15. Start Me Up 16. Jumpin' Jack Flash 17. Brown Sugar BIS 18. Gimme Shelter 19. (I Can't Get No) Satisfaction

Foto: The Rolling Stones

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