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Seattle: um dos shows mais eletrizantes da história recente dos Stones

Incrível e inesquecível!

Foto: @kevin.m.brannon (Instagram)

Na última vez em que os Rolling Stones tocaram no atual CenturyLink Field, em Seattle, o local se chamava Qwest Field, o evento ocorreu em 17 de outubro de 2006, já era hora dos caras retornarem a uma das cidades que mais amam Rock And Roll no mundo. E como os caras acompanham a evoluções, a nova história do estádio passou a contar com a presença da Maior Banda do Mundo depois de quase 13 anos, com uma de suas apresentações mais espetaculares diante de 53 mil fãs.

 

Lukas Nelson & Promise of the Real foi novamente a atração de abertura do concerto, o grupo liderado pelo filho de Willie Nelson já havia subido ao palco da "No Filter" no primeiro show que os Stones realizaram em agosto de 2019, em East Rutherford. Mais uma vez o grupo foi bem recebido pela público pagante, o que não é de se admirar.

 

O concerto teve início com o riff de Keith Richards em "Street Fighting Man", onde Mick Jagger chegou a errar a letra logo no segundo verso, o que tirou um sorriso de Keith Richards. Claro que a banda de apoio é muito importante, mas o trabalho dos integrantes da maior banda do mundo soa em alto e bom som, por isso, quem via os Stones pela primeira vez provavelmente ficou boquiaberto com o fato de quatro senhores na casa dos 70 estarem com tanta força no palco. O show já começou com um bang.

Como a banda não variou a primeira do set, a mudança ficou por conta da segunda da noite. "You Got Me Rocking" voltou a dar as caras e manteve a energia da apresentação no alto, coube a "Tumbling Dice" diminuir o ritmo do show, mas não a qualidade.

O concerto seguiu com o resultado do song vote. Com sua Gibson vermelha, Keith Richards deu início à vencedora da votação, o clássico "Beast Of Burden", que teve excepcional performance vocal por Mick Jagger, com direito a notas altas nos primeiros versos e falsete, fazendo referência à versão original. Esta versão também teve mais energia em comparação com as performances da música em 2017, no Olympiastadion, em Munique e em Londres, no Twickenham Stadium, durante a leg de 2018.

O público no CenturyLink Field assistiu a uma das mais incríveis versões de "You Can't Always Get What You Want. A banda estava tão afiada que conseguiu interpretar um de seus maiores clássicos de forma mais ainda mais consistente do que de costume. A faixa de 1969 mereceu todos os aplausos de Seattle.

Durante o set acústico, a banda optou por não variar e no momento mais intimista do show tocou "Sweet Virginia", com um dos solos mais doces de Ronnie Wood e seu slide. A voz de Keith, que neste momento fica nos backing vocals, estava em uma ótima noite, o que prevaleceu em "Dead Flowers", que apesar de alguns deslizes, também fez a noite do público pagante.

 

O CenturyLink Field veio abaixo com versões matadoras de "Sympathy For The Devil" e "Honky Tonk Women", sempre seguidas pelo bluesman favorito dos stoneanos assumindo os vocais. Apesar de alguns deslizes, Keith Richards deu uma boa performance ao público em "You Got The Silver", metade do show já tinha passado, mas sua voz ainda estava em dia. Afiado como uma navalha, Richards tocou a intro de "Before They Make Me Run" e cantou sem grandes problemas, aliás, a faixa do "Some Girls" chegou a brilhar muito mais do que suas acompanhantes na leg de 2019 da "No Filter", o mesmo aconteceu em Seattle, apesar de uma pequena troca de notas por Ronnie durante o solo.

 

Outros que também estavam pra lá de atentos eram Charlie Watts e Darryl Jones, a sessão de ritmo fez bonito em "Miss You", a música das stratocasters. Watts voltou a fazer sutis mudanças no clássico Disco, mas todas funcionaram, e nem é preciso falar o quanto Darryl é um baixista excepcional, basta escutar o solo do músico durante o número mais dançante da noite. Nem mesmo os pequenos erros da banda foram capazes de tirar o brilho de "Miss You". "Midnight Rambler" foi uma beleza do começo ao fim, o blues e eletrificado dos Stones não ficou para trás com seus solos incendiários de guitarra e gaita, tudo acontecendo enquanto Keith e Charlie tinham mais um de seus momentos, uma amizade que se aproxima de sua sexta década. Watts não perdeu a boa forma em "Paint It Black, e dessa vez pôde aproveitar a execução do clássico sem os problemas de som que afetaram Keith Richards e Darryl Jones no show de Denver.

A última trinca de uma das mais impressionantes performances dos Stones começou, como de costume com o set apresentado, com "Start Me Up", onde Mick manteve sua clássica presença de palco, mas passou a semitonar sem dó e nem piedade, em alguns momentos parecia que o alcance do vocalista estava diminuindo após mais uma grande noite de música, mas Jagger se manteve firme e, como sempre, foi até o fim. Após perceber problemas com as notas altas, o vocalista optou caminhar por caminhos menos tortuosos em "Jumping Jack Flash", mantendo o nível espetacular do show., voltando bem às notas altas apenas na segunda parte da música.

Como nada é perfeito, Keith Richards pela primeira vez naquela noite teve um problema com uma das introduções, dessa vez foi em "Brown Sugar", houve um pequeno atraso antes da primeira nota até o momento em que Keef continuou com o riff, mas em seguida, a festa seguiu sem maiores problemas. Karl Denson se recuperou em relação ao solo do show de Denver, voltando a brindar o público com mais um belo improviso em cima do lendário solo de Bobby Keys. O agito foi dos fortes! Assim a banda encerrou o set antes do bis.

A euforia do público, que batia os pés no chão enquanto não havia sinal de música retornando ao palco, explodiu quando o riff de "Gimme Shelter" foi tocado pelas mão experientes de Keith Richards. Em uma noite onde a banda parecia mais ensaiada do que de costume, não demorou muito até que Mick Jagger entrasse no primeiro verso do clássico, já fazendo o público ansiar pelo clímax da música, a performance de Sasha Allen, que foi mais uma vez de encher os olhos. Os EUA anteriormente haviam assistido os Stones acompanhados pela incrível Lisa Fischer, mas fica nítido que os fãs estadunidenses reconhecem o talento e a técnica de Allen.

Logo após agradecer à Sasha, Mick deu o sinal para Keith começar a tocar "(I Can't Get No) Satisfaction", onde Richards caprichou em seu improsivo, momento que sempre antecede a última interação de Jagger com os backing vocals e com a plateia em todos os shows, e como o lema passa a ser diversão, até mesmo para quem está trabalhando no palco, Wood se juntou a Mick, Bernard e Sasha e também improvisou com os três. Nos últimos segundos do clássico absoluto, não houve muito, apenas Charlie e Darryl ficaram responsáveis por encerrar o concerto, que acabou com a perfeita harmônia entre bateria e baixo. Mas a última nota não foi o último som do espetáculo, que foi encerrado com os tradicionais fogos de artifício que prosseguiram mesmo enquanto parte da banda ainda aguardava os demais integrantes para se curvar diante do público, momento em que Watts jogou as baquetas usadas naquela grande noite para a plateia.

É justo dizer que se o show de Nova Orleans foi à nível de Brasil, os fãs argentinos com certeza se identificariam com a atitude e eletricidade da banda e dos fãs em Seattle, em mais uma noite que entrou para a história do Rock And Roll.

 

Foto: Deon Rutz/The Seattle Times

 

Setlist:

1. Street Fighting Man 2. You Got Me Rocking 3. Tumbling Dice 4. Beast Of Burden (vote song) 5. You Can't Always Get What You Want 6. Sweet Virginia (palco B) 7. Dead Flowers (palco B) 8. Sympathy For The Devil 9. Honky Tonk Women 10. You Got The Silver (Keith) 11. Before They Make Me Run (Keith) 12. Miss You 13. Midnight Rambler 14. Paint It Black 15. Start Me Up 16. Jumping Jack Flash 17. Brown Sugar BIS 18. Gimme Shelter 19. (I Can't Get No) Satisfaction

Foto: The Rolling Stones

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