top of page

Marselha tremeu ao som dos Stones

O retorno para a conquista de Marselha!

Foto: Cristiane Costa Pereira

Marselha se reencontrou com os Rolling Stones em 26 de junho de 2018, a banda, que já fez shows na cidade francesa em ocasiões como a Turnê Europeia de 1966 e a espetacular Urban Jungle em 1990, não tocava em Marselha desde 2003, quando passaram pelo Stade Vélodrome durante a Licks Tour, em 5 de julho daquele ano. Eis que quase 15 anos depois, o mesmo estádio – hoje chamado de Orange Vélodrome por razões de patrocínio – recebe outro show da maior banda do mundo, agora, pela monumental “No Filter”. O público estava ansioso pelo fim do jejum de shows dos Stones na cidade com a apresentação única, como foi publicado pelo jornal La Provence: "A cena está – quase – pronta. Nesta noite, pela quarta vez em sua história, os Rolling Stones se lançam à conquista de Marselha e do Estádio Vélodrome. Por isso, reencontramos os fãs. Eles contaram histórias extraordinárias que lhes ligam ao grupo”.

Fãs que se conheceram pelo aplicativo oficial dos Rolling Stones marcaram um almoço para comemorar a tão esperada data, o local escolhido foi o restaurante L’Equinoxe, em Marselha. Todos assinaram seus nomes à frente de seus respectivos países em um quadro que faz referência aos setlists pintados por Ronnie Wood. Junto deles estava Cristiane Costa Pereira, que foi nossa correspondente antes, durante e depois do show.

 

A felicidade de quem estava pronto para passar duas horas com os Stones quase foi abalada pela organização falha, que entre outros problemas, atrasou a abertura dos portões em pelo menos trinta minutos. Cristiane afirma que os Stones vem tendo problemas com os parceiros, o que é a mais pura verdade para essa leg. Após o show do Twickenham Stadium, 60 mil fãs andaram a pé depois do show por conta da falta de transporte, os Stones pediram desculpas no Facebook por conta disso, e atrasos da plateia acontecem ocasionalmente desde o show de Dublin.

Horas após os fãs entrarem no estádio, o ato de abertura dava início à noite de música. A banda canadense The Glorious Sons foi uma boa surpresa para quem esperava Rock And Roll, com bons músicos, composições consistentes e boa performance, o grupo pode ter encontrado novos fãs durante a abertura do espetáculo dos Stones no Orange Vélodrome, que apesar de ser bonito, não é um estádio de fácil acesso, nos conta Cristiane. Parecia que o atraso dos fãs marcaria presença neste show como em outros da “No Filter” no presente ano, mas a revista parece não ter sido cumprida provavelmente por conta do atraso, e o lindo estádio já estava incrivelmente cheio minutos antes dos Stones entrarem no palco.

 

Quando “Street Fighting Man” apareceu no setlist fixo da turnê em 2017, todos ficaram impressionados com a qualidade da performance, a música que foi sabiamente colocada na parte obrigatória do set no ano passado, retornou em 2018 como a abertura a partir do primeiro show no London Stadium, a faixa do “Beggars Banquet” não deixou de impressionar em Marselha. Quem assistiu o show na U Arena percebeu o volume mais abrangente do concerto, uma explosão de som. Seguindo as últimas seleções de músicas da turnê, o concerto continuou com “It’s Only Rock ‘N Roll (But I Like It)” e “Tumbling Dice”, nesta última, Mick Jagger mostrou à plateia que aquele seria uma boa noite para sua voz, afinado em momentos cruciais da canção e não tentando fazer notas que não conseguiria, Jagger entregou uma das performances mais competentes para um dos números mais frequentes da história dos Stones. Após o blues escolhido para a noite francesa, “Just Your Fool”, o show teve sequência com a vencedora do song vote, que foi “Get Off Of My Cloud”. A intro de Charlie Watts não teve o mesmo impacto que no show do Principality Stadium, em Cardiff, mesmo assim, o baterista estava ótimo e cheio de energia no clássico de 1965. No geral, foi uma das melhores performances da noite – nenhum sinal de que os fãs estavam diante de septuagenários.

Depois dos Stones ressuscitarem “Fool To Cry” ao vivo durante o show do London Stadium, ninguém esperava que a banda fosse tocar a canção novamente em 2018. A surpresa da noite foi recebida com entusiasmo pelo público que lotava o Orange Vélodrome, na execução da música, a banda teve performance semelhante à do London Stadium, porém com mais solidez, e com Jagger não abrindo mão do falsete em nenhum momento do primeiro refrão – o que soou ótimo durante o concerto de Londres.

Com BPMs a menos que no show de Berlim, “You Can’t Always Get What You Want” foi linda do começo ao fim, da intro com a trompa de Matt Clifford ao double time, que finalmente voltou a aparecer nos shows. Mick continuou apostando no “menos é mais” como no último show, mas em muitos momentos usou em sua performance vocal melismas comuns do Mick Jagger que todos nós conhecemos. “Paint It Black” continua com toda força nos últimos shows de 2018, esperamos que assim seja até o fim da turnê, o desempenho da banda no clássico da época de “Aftermath” vem melhorando a cada show, o mesmo pode ser dito sobre “Honky Tonk Women”. A filosofia de Keith sobre melhorar um pouco a cada noite está se fazendo verdade. E por falar no pirata do Rock ‘N Roll, o guitarrista deu uma bela “You Got The Silver” para a lembrança do público no Vélodrome, sendo sábio na escolha das notas. Já Ronnie Wood parecia ter algo o atrapalhando durante o solo, mas quase nada abala a faixa do “Let It Bleed”, permanecendo um dos mais belos momentos de qualquer show dos Stones em que é tocada. Erramos no último texto e Richards não retornou ao set habitual do ano passado, voltando com a bela mistura entre “You Got The Silver” e “Before They Make Me Run”.

Foto: Cristiane Costa Pereira

As nuvens infernais tomam conta dos quatro imponentes telões, é “Sympathy For The Devil” em uma de suas melhores versões de 2018. Exceto por Jagger quase esquecer os versos “I rode a tank/Held a general's rank/When the blitzkrieg raged/And the bodies stank”, a “Sympathy” de Marselha foi executada com excelência. Keith relembrou um pouco de típicos licks do fim da década de 60 que fazia constantemente em 1989/1990 durante a turnê do álbum “Steel Wheels”, enquanto Ronnie invocava o solo original da música, o que foi feito por Keith em seu segundo momento de solar. Os 58 mil fãs presentes no Vélodrome tiveram uma noite e tanto, principalmente na segunda parte do show, onde Jagger mostra toda sua energia aos 74 anos em uma charmosa “Miss You” e na furiosa “Midnight Rambler”.

Foto: Cristiane Costa Pereira

A reta final do show chega com “Start Me Up” e o canto da plateia antes mesmo de Jagger chegar ao microfone, o clássico de 1981 teve algumas irregularidades em shows anteriores, mas nos mais recentes concertos da turnê, a faixa que abre o “Tattoo You” voltou a ser tirada de letra pela banda, algo semelhante vinha acontecendo com “Jumpin’ Jack Flash”, até Mick ter problemas com o retorno no show de Marselha. O vocalista atravessou o tempo quando começou a cantar, saiu do tom e não voltou aos vocais por dois refrões após jogar a bola para os vocais de apoio, como sempre faz nos tempos modernos dos Stones. Sasha Allen e Bernard Fowler seguiram sozinhos – Jagger só cantaria com eles no último refrão. Isso com certeza foi causado por uma falha no retorno de Mick, semelhante ao que aconteceu quando Eric Clapton tocou com os Stones em 1975, durante “Sympathy For The Devil”, o retorno de Jagger não estava bom e o vocalista não acertou sequer uma nota por boa parte da canção. De volta para 2018, após perceber que suas tentativas de resolver o problema mexendo no microfone foram em vão, o frontman não mudou sua performance corporal e tentou cantar de forma linear, mesmo sem se ouvir. O problema foi resolvido durante a boa “Brown Sugar” apresentada em Marselha, e dessa vez, Karl Denson voltou a fazer sua interpretação mais convencional do solo de Bobby Keys.

O show retorna com força total com “Gimme Shelter” – Mick novamente afinado –, com força total também estava Sasha Allen, que foi com muita sede ao pote e semitonou drasticamente ao fim de sua performance. No fim, só restava “(I Can’t Get No) Satisfaction”, que encerrou o show com os velhos ligados na máxima carga, Richards tem caprichado nos solos do maior clássico da banda, não apenas fazendo coisas típicas de seus solos. Assim foram os últimos minutos da noitada com os Stones, que fez Marselha tremer por duas horas.

Agradecimentos a Cristiane Costa Pereira pela grande ajuda na cobertura do show.

Foto: Cristiane Costa Pereira

 

“Toda vez que eu toco ‘Satisfaction’ eu encontro algo novo.” – Keith Richards

Foto: Cristiane Costa Pereira

Setlist:

1. Street Fighting Man

2. It's Only Rock 'N Roll (But I Like It)

3. Tumbling Dice

4. Just Your Fool (Buddy Johnson and His Orchestra cover)

5. Get Off Of My Cloud (vote song)

6. Fool To Cry

7. You Can't Always Get What You Want

8. Paint It Black

9. Honky Tonk Women

10. You Got The Silver (Keith)

11. Before They Make Me Run (Keith)

12. Sympathy For The Devil

13. Miss You

14. Midnight Rambler

15. Start Me Up

16. Jumpin' Jack Flash

17. Brown Sugar

BIS 18. Gimme Shelter

19. (I Can't Get No) Satisfaction

Recent Posts
Search By Tags
Nenhum tag.
bottom of page